Este apartamento T2 num condomínio em Lisboa é uma viagem por diferentes épocas, capaz de fazer conviver, sob o mesmo teto, mobiliário de diferentes épocas e estilos; o proprietário é um colecionador de peças de antiquário, mobiliário de família e apreciador de clássicos do design moderno. Apesar de contarmos com peças de épocas bem definidas, não queríamos conotar nenhum estilo específico neste projeto. Muito pelo contrário, a intenção foi assumir o ecletismo que se respira na atmosfera do apartamento.
A entrada do apartamento tem acesso franco à área social da casa, onde uma ampla divisão recebe a sala de estar e jantar. A área de convívio da família, apostámos em tons neutros para as texturas, cortinados, estofos e tapete; resultou num área envolvente com a introdução de um sofá com chaiselongue executado por medida pelo atelier, a recuperação de um canapé antigo de madeira pau santo com estofo em tecido tom neutro espinhado, e uma reinterpretação do sofá Chesterfield em pele camurça em tom castanho escuro, que separa esta área da de jantar. No centro escolhemos a mesa Nogushi de Isamu Noguchi, peça modernista dos anos 50. O móvel apoio multimédia e televisão foi desenhado pelo atelier; uma consola de chão horizontal e um painel superior, vertical, onde fixa a televisão e oculta todos os detalhes técnicos. Com esta solução conseguimos que as peças de coleção como os dois pedestais em madeira pau ferro que suportam esculturas em bronze e duas pinturas a óleo e talha dourada, assumissem uma postura simétrica no espaço.
O espaço de refeições é composto por uma mesa e cadeiras antigas de família , a que foram adicionadas duas cadeiras estofadas, nas cabeceiras. Peças como serviços em prata, mesas de apoio pé de galo e bandejas em estanho, pontuam esta sala de detalhes únicos.
Na suite dos proprietários, a parede é revestida com um papel de padrão geométrico de inspiração revivalista, da Cole & Son. A cabeceira de cama é estofada a tecido, com design do atelier Spacemakers. Os tons das texturas assentam em várias tonalidades de cinzas, e preto e dourado. O espelho estilo barroco na parede da cabeceira era uma peça de família, bem como as mesas de apoio de uma antiga sala, recuperadas tornaram-se as mesas de cabeceira, que recebem candeeiros com base em mármore de Estremoz.
O escritório, um espaço que se desejava assumidamente masculino, é totalmente revestido a papel de parede com padrão tweed em cinza, da Designers Guild. A secretária de linhas contemporâneas com tampo em vidro, convive com a Chaise longue original em pele preta de Le Corbusier e um relógio de parede, espólio do proprietário.
O quarto dos filhos, gémeos, vive em torno de uma peça desenhada pelas arquitetas, duas camas sobrepostas, desencontradas, com estante para arrumação de livros e brinquedos, onde o padrão ondulado do mar no papel de parede, o padrão das cabeceiras das camas e almofadas; o mapa do mundo da Designers Guild, em contraste com as riscas vermelhas no tecido das colchas, deixa muito espaço para a imaginação e exploração.
O projeto reúne objetos e mobiliário distinto, o resultado é uma viagem inspirada por várias épocas, é justamente essa mistura que torna o apartamento interessante e único – o apartamento eclético.