O projeto resulta de um licenciamento camarário de alteração de uso, ou seja, remodelação de uma fração de uso comercial (escritório) para uso habitacional, onde se conseguiu enquadrar 2 apartamentos de tipologia T3, numa área bruta total de 220m2.
Como ponto de partida para projetos deste tipo, é fundamental consultar o Arquivo Municipal e a Camara Municipal de Lisboa, procurar antecedentes e o enquadramento legal para um projeto de alteração de uso.
A remodelação de um espaço de um escritório openspace para dois apartamentos tipologia T3, distribuídos pelos 220m2, exigiu um longo processo criativo e técnico. O fato de já existirem dois acessos distintos (esquerdo e direito) facilitou o estudo de organização funcional e de entrada nos apartamentos. Deu-se por cumprida a premissa de se ter dois apartamentos muito funcionais, de linguagem contemporânea com linhas simples e intemporais, muito luminosos.
O briefing do cliente era explicito em relação ao padrão elevado de qualidade dos materiais de acabamentos pretendidos para esta remodelação. Todos os espaços e acabamentos foram escolhidos e desenhados em pormenor, de modo a garantir que a obra de remodelação fosse rigorosamente executada.
Ao nível de distribuição criou-se um núcleo central revestido a painel de madeira de carvalho, onde se insere uma casa de banho social, lavandaria e arrumos, tudo acessível por portas ocultas nos painéis. Este núcleo é a charneira que separa a área social da área privativa dos apartamentos.
Os pavimentos dos quartos, das salas e cozinhas são em soalho de madeira de carvalho aplicado com padrão em Chevron, os pavimentos e paredes das casas de banho são parcialmente revestidos a pavimento cerâmico Kerlite, a iluminação artificial direta e indireta foi alvo de estudo de conforto luminotécnico, a opção das portas inteiras até ao teto e a escolha dos puxadores by Siza Vieira, seguiu a linguagem contemporânea do briefing. A arrumação foi amplamente estudada e otimizada em todos os espaços possíveis. Mobiliário desenhado e adaptado ao espaço existente. A solução encontrada para o ar condicionado, uma vez que se pretendia espaços limpos visualmente de equipamentos técnicos, optou-se por uma solução de grelha linear de parede e com máquinas inseridas nos topos superiores dos roupeiros.
Uma vez que a intervenção de remodelação na fachada do edifício foi mínima, focando-se somente na alteração a tardoz de um antigo portão de garagem que passou para um vão de janela de sacada.